Numa época em que a temática espírita está especialmente em alta, a julgar pelas bilheterias mais do que satisfatórias de filmes como Chico Xavier (1,3 milhão de espectadores em 10 dias) e Bezerra de Menezes (público de mais de 400 mil, no ano passado) nada mais propício do que recorrer ao além para alavancar a audiência na televisão. Até porque o contato com o mundo de lá costuma render bem no Ibope. Basta lembrar novelas como A viagem e Alma gêmea. Por isto, em Escrito nas estrelas, novo folhetim do horário das 18h da TV Globo, o protagonista, o impetuoso Daniel (Jayme Matarazzo), não perde tempo: morre logo no primeiro capítulo. Claro que ele passará os próximos meses tentando entrar em contato com uma vasta galeria de personagens, a começar por Viviane (Nathalia Dill), por quem se apaixonou na estreia.
Crenças à parte, algo desponta como incontestável nessa novela de Elizabeth Jhin: a pouca complexidade dos protagonistas. Daniel despreza o império do pai, o médico milionário Ricardo Aguilla (Humberto Martins), e ressalta a cada instante seu interesse em ajudar os menos favorecidos. Viviane come o pão que o diabo amassou. A mãe sumiu no mundo e o pai é viciado em jogo, o que levou a heroína a perder a casa onde morava, mudar-se para uma favela e parar de estudar. Não é só: ela ainda se vê envolvida num roubo praticado pelo pai e passa a ser perseguida pela polícia, situação que garantiu momentos de ação durante o capítulo. Diante de um quadro tão edificante, fica difícil para os atores emprestar credibilidade às suas falas. Nathalia Dill surge algo forçada na composição (gestos expansivos, linguajar popular) de Viviane e Jayme Matarazzo investe na contundência de um personagem bastante esquemático.
A julgar pelos protagonistas, Elizabeth Jhin apostará suas fichas numa novela bem convencional. Na verdade, o próprio título anuncia isto: afinal, como mudar o que está escrito nas estrelas? Como convém a um capítulo de apresentação, a autora colocou de tudo um pouco. Além da já citada pitada de ação, investiu no humor. Mesmo com um texto pouco inspirado em mãos, Jandira Martini, Walderez de Barros e as divertidas oportunistas interpretadas por Zezé Polessa e Débora Falabella deverão fazer boas cenas. A autora também procurou entrelaçar o mote espírita com certo teor documental, relativo ao cotidiano na favela.
Em termos de vilão, a novela está bem servida: o Gilmar de Alexandre Nero (ótima presença) comprovou parentesco com o Iago, de Otelo, de William Shakespeare. Mas quem realmente se destacou no meio de toda esta mistura foi Suzana Faini, muito expressiva como a dedicada empregada Antônia, que intui a proximidade de uma tragédia no percurso de Daniel.
Por Daniel Schenker , Jornal do Brasil - 14/04/10
Crenças à parte, algo desponta como incontestável nessa novela de Elizabeth Jhin: a pouca complexidade dos protagonistas. Daniel despreza o império do pai, o médico milionário Ricardo Aguilla (Humberto Martins), e ressalta a cada instante seu interesse em ajudar os menos favorecidos. Viviane come o pão que o diabo amassou. A mãe sumiu no mundo e o pai é viciado em jogo, o que levou a heroína a perder a casa onde morava, mudar-se para uma favela e parar de estudar. Não é só: ela ainda se vê envolvida num roubo praticado pelo pai e passa a ser perseguida pela polícia, situação que garantiu momentos de ação durante o capítulo. Diante de um quadro tão edificante, fica difícil para os atores emprestar credibilidade às suas falas. Nathalia Dill surge algo forçada na composição (gestos expansivos, linguajar popular) de Viviane e Jayme Matarazzo investe na contundência de um personagem bastante esquemático.
A julgar pelos protagonistas, Elizabeth Jhin apostará suas fichas numa novela bem convencional. Na verdade, o próprio título anuncia isto: afinal, como mudar o que está escrito nas estrelas? Como convém a um capítulo de apresentação, a autora colocou de tudo um pouco. Além da já citada pitada de ação, investiu no humor. Mesmo com um texto pouco inspirado em mãos, Jandira Martini, Walderez de Barros e as divertidas oportunistas interpretadas por Zezé Polessa e Débora Falabella deverão fazer boas cenas. A autora também procurou entrelaçar o mote espírita com certo teor documental, relativo ao cotidiano na favela.
Em termos de vilão, a novela está bem servida: o Gilmar de Alexandre Nero (ótima presença) comprovou parentesco com o Iago, de Otelo, de William Shakespeare. Mas quem realmente se destacou no meio de toda esta mistura foi Suzana Faini, muito expressiva como a dedicada empregada Antônia, que intui a proximidade de uma tragédia no percurso de Daniel.
Por Daniel Schenker , Jornal do Brasil - 14/04/10