quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ary Coslov - De volta aos palcos como ator com "Produto", texto inédito do inglês Mark Ravenhill



Após trinta anos de jejum como ator nos palcos cariocas, Ary Coslov está de volta estrelando o espetáculo “Produto” na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio (mais sobre o espetáculo aqui). A peça, inédita no Brasil, é baseada no texto do dramaturgo inglês Mark Ravenhill. Dirigida por Marcelo Aquino, “Produto” conta a história de um produtor de cinema que quer convencer uma atriz em ascensão, interpretada por Gabriela Munhoz, a aceitar um papel em seu próximo filme, um produto que tem tudo para ser um sucesso na visão do diretor. A cenografia do espetáculo é de Marcos Flaksman, os figurinos de Rô Nascimento e a iluminação de Aurélio de Simoni (entrevista aqui).

Ary Coslov nunca ficou totalmente longe dos palcos, já que dirigiu mais de 15 peças nos últimos 30 anos. Seu último espetáculo como diretor foi “Traição”, de Harold Pinter, que rendeu a ele os prêmios Shell e APTR de Melhor Diretor em 2008.

A volta como ator
Não consigo imaginar como vou estar no dia da estreia. Sei que é uma comparação banal, mas é como andar de bicicleta. Você fica sem andar um tempo e quando volta não tem problema. Espero que esta comparação primária funcione. Nos ensaios estou me sentindo à vontade e estou gostando muito de fazer. Mas na estreia não vai ser só friozinho na barriga não. Vai ser friozão.

O projeto
Assisti a esta peça e gostei muito deste autor, o Mark Ravenhill. Dirigi uma peça deste mesmo autor há seis anos, “Polaróides Explícitas”, que também tinha assistido em Londres e tinha curtido muito. Ao longo deste tempo, sempre que ia a Londres, assistia a alguma peça dele que estava em cartaz. Em 2007 assisti a “Produto” gostei e também resolvi montar.

Mark Ravenhill
É um autor que admiro muito. Ele foi durante muito tempo diretor do National Theatre, de Londres, e tem uma vida incrível. É de uma geração de autores que se autodenomina Êxtase Generation, que surgiu nos anos 90. É um
autor que já teve outra peça dele montada aqui no Brasil, a “Shopping and Fucking”, dirigida pelo Marco Ricca.

A montagem
Na montagem que vi em Londres era o próprio Mark Ravenhill que fazia o personagem que vou fazer. É impossível não se inspirar nisso de alguma forma, porque é o autor da peça fazendo o personagem. Mas a gente está no Brasil e a realidade é diferente. Embora esta peça seja inglesa, acho que a gente tem que trazer um pouco para cá. A montagem brasileira é fiel ao texto e à ideia da peça, mas achei que deveríamos nos aproximar um pouco do público brasileiro.

O tema
A peça é uma comédia. Mais do que uma comédia é uma sátira à glamourização da comunicação. Trata basicamente disso: da glamourização da notícia, e notícia no sentido mais amplo, da banalização dos acontecimentos, dos mais simples aos mais importantes. Todos hoje viram grandes acontecimentos. E o espetáculo é exatamente isso. É um diretor de cinema tentando convencer uma atriz a fazer um filme sobre um assunto seriíssimo. É uma crítica à visão hollywoodiana, glamourizada e romantizada que o produtor de cinema tem de um acontecimento muito sério.


Fonte: Globo Teatro.


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