Conhecida pelos papéis cômicos, a atriz Berta Loran vive a divertida Loló em ‘Cama de gato’, sua volta às novelas depois de 25 anos
Na apresentação do elenco de “Cama de gato”, em setembro do ano passado, o diretor Ricardo Waddington pediu aplausos para apenas uma das atrizes do time da novela: Berta Loran. A demostração de respeito — e carinho — emocionou a atriz de 83 anos.
Berta estava longe dos folhetins desde “Amor com amor se paga” (1984), de Ivani Ribeiro.
— Sempre fui do lado do humor. Trabalhei 17 anos nos programas do Jô Soares, depois mais sete anos na “Escolinha do Professor Raimundo”. Fora os outros programas, como “Bairro feliz”. A TV Globo me aposentou com 36 anos de trabalho. Em 2005, fiquei no “Zorra total” ganhando cachê extra. É muito bom ser aposentada — declara Berta.
Mas desde 2009, a atriz está batendo ponto no Projac três vezes por semana para gravar as cenas de Loló. Animada líder do núcleo da terceira idade, a personagem tem um affair com Waldemar (Luiz Gustavo) e vai fazer sucesso com o blog que criará.
— Loló e Waldemar se abraçam, falam coisas bonitas. É lindo para mostrar que os idosos não estão mortos. Ela também tem uma filha que nunca a visita, é um belo recado para netos e filhos que enfiam os pais e avós em asilos — alfineta Berta. — Mas no geral a Loló é toda para cima como eu sou.
Sou viúva duas vezes, sou viúva alegre.
Berta nasceu na Varsóvia, onde foi batizada Basza Ajs, e chegou ao Brasil aos 9 anos. A família judia fugiu antes de a guerra começar.
— Quando o Hitler começou a gritar, meu pai veio, trouxe minha mãe, eu e meus cinco irmãos em viagens de navio. Nos instalamos num sobrado da Praça Tiradentes — lembra.
Por incentivo do pai, José Ajs, ator e alfaiate, Basza ingressou no teatro aos 14 anos. Nessa época, aliás, já assinava Berta.
— Quando meu pai foi tirar a minha certidão para eu entrar no colégio, pois eu vim no passaporte da minha mãe, e falou “Basza”, o delegado disse para ele não fazer isso comigo. Meu pai falava muito mal português e o delegado sugeriu Berta. O Loran veio depois, quando comecei a fazer teatro no Carlos Gomes — conta.
Quando se casou pela primeira vez, a atriz mudou-se com o marido para Buenos Aires.
— Ele tinha 51 anos e eu, 20. Eu o aguentei por 11 anos e me desquitei — recorda. — Depois, aos 37 anos, me casei com um rapaz de 37 também. Mas ele me trocava por qualquer uma. Na terceira mulher que telefonou dizendo que estava com o meu marido, não aguentei. Elas diziam para mim que ele falava que eu estava doente. E eu respondia: “Vocês não me veem na televisão?” Berta acabou não tendo filhos.
— Fiz dois abortos do velho. Éramos pobres de marré deci, morávamos em pensão vagabunda, não dava para ter filhos.
Quando quis ter, o útero já não estava bom.
Nem as histórias mais delicadas tiram a alegria da atriz que viveu — e sobreviveu — do humor. Um de seus maiores orgulhos é o “Divirta-se com Berta Loran”, espetáculo em que sapateava, cantava, dançava e contava piadas. Foram três anos em cartaz.
— Com o dinheiro que ganhei, comprei este apartamento (em Copacabana), de três quartos e duas salas, à vista por 7 milhões de cruzeiros — diz Berta, orgulhosa.
Outra grande satisfação é o dom de se maquiar sozinha antes de entrar em cena.
— Minha maquiagem é toda dos EUA.
Quando comecei a ter dinheiro, comecei a me tratar. Eu mereço, dá um cheiro no meu perfume! Comprei dois vidros na volta da minha última viagem. Adoro viajar, estive sete vezes nos EUA, falo inglês como português e me sinto em casa. Levo uma irmã ou prima comigo... Sou a única da família que venceu, o resto sobreviveu mal.
Fonte: Revista da TV - O Globo - 10/01/10.
Loló (Berta Loran ou Basza Ajs)
ResponderExcluirLoló vc é de mais adorei ver vc na tela foi maravilho parabens pelo trabalho.
beijos!!!
Mariana Maximo da Silva
Piracicaba SP