Tony Tornado tem jeitão abrutalhado, grandalhão, mas, no fundo, é um cara muito afável. Bastam cinco minutos de prosa com ele para perceber isso. O ator, que vive o motorista Péricles, em “Cama de gato”, diz que já surpreendeu muita gente com esse lado terno.
— Apesar da aparência de brutamonte, sou um cara doce. Eu lutei boxe, dava porrada, mas pedia desculpa. É uma coisa do Tornado, não era do lutador de boxe. Quando nocauteava um cara, ficava com culpa. Era esporte, mas o Tornado falava mais forte — conta Tony, de 79 anos.
A idade do ator, aliás, também causa espanto às pessoas. Afinal, Tony não parece estar às portas dos 80 anos.
— A receita dessa disposição é não se preocupar com as dívidas! Brincadeira. Acho que é gostar de viver e, justamente, não se incomodar muito com a idade — afirma o ator, que não planeja nada de especial para o aniversário, comemorado dia 26 de junho.
Tanto vigor é atribuído por Tony ao bom DNA de seu pai, Ray Anthony Washington Peterson:
— Herdei dele essa disposição. Meu pai tem 101 anos, mora em Umanhuasu, interior de Minas. Está inteiraço. Já enterrou seis mulheres e está na sétima. Elas não aguentam o velho, não.
E até hoje, Tony pede conselhos ao velho Ray.
— Quando a coisa está apertada falo com ele. Ele é muito paizão e tenho isso também. Até hoje aconselho meu filho Arthur, de 51 anos — conta o ator, que ainda tem mais três filhos, todos com mulheres diferentes: Rose Marie, de 43, Aretha Pearl, de 31, e o caçula Abrahan Lincoln Washington Peterson, de 24: — Faço filho só para colocar nome. Sou meio folclórico, né, baby?
Doze anos de exílio
Se ele é um pai presente para Lincoln — fruto de seu relacionamento de 28 anos com Ilva — o mesmo não aconteceu com os outros. E percebese que o ator se ressente disso.
— Pena que com alguns, não pude ser tão pai. Viajei muito nos anos 70, perdi anos da minha vida no exílio, sofri muito. Tenho uma trajetória pesada. Fiquei 12 anos exilado em países como Tchecoslováquia, Chile, Uruguai, Egito e Cuba — lembra.
Isso aconteceu quando Tony, em um show de Elis Re-gina, em 1972, subiu ao palco e fez a saudação dos Panteras Negras americanos (braço levantado com o punho cerrado), movimento revolucionário negro. O gesto foi fruto da admiração que surgiu durante os quatro anos que o ator passou nos EUA, nos anos 60.
— Fui algemado logo que desci. E depois, exilado. Conheci muitos lugares, muitos povos — diz ele, já emendando: — Mas não há nenhum igual ao carioca. Tenho essa frustração de não ter nascido no Rio. Sou de Mirante do Paranapanema, última cidade paulista. Mas digo para todo mundo que sou carioca, sim.
Bem acompanhado
“Cama de gato” traz Tony de volta às novelas após cinco anos — sua última trama inteira foi “Começar de novo”. E ele não podia retornar em melhor companhia. O ator divide cena com Ilva Niño, sua companheira em “Roque Santeiro”, há 24 anos, e é dirigido por Ricardo Waddington, com quem tem uma bonita trajetória.
— Ricky e eu temos uma história. Começou em “Sex Appeal”. Lembro dele chegando meio desambientado, vindo em minha direção: “Pô, Tony, me ajuda aí”. Por isso, fico feliz e agradecido por ter me convidado para a novela.
Com Ilva a parceria é antiga. Na época de “Roque Santeiro” eles eram a empregada Mina e o capanga Robério, funcionários da Viúva Porcina (Regina Duarte).
com os 74 anos da atriz.
Outra coincidência é que, na vida real, a mulher do ator também se chama Ilva:
— Bom que a gente não erra o nome, né?
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