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sábado, 20 de março de 2010

Atrizes contam como foi dar o primeiro beijo de suas vidas



Vídeo histórico: Atrizes contam como foi dar o primeiro beijo de suas vida.

Nomes como Bruna Lombardi, Lídia Brondi, Nádia Lippi, Denise Dummont, Glória Pires, Tamara Taxman e até Henriqueta Brieba lembram como foi seu primeiro beijo.





Fonte: Canal felipegolke1979 (YouTube)




segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Perfil: Denise Dummont



Denise Bittencourt Teixeira, artisticamente conhecida como Denise Dummont, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 20/03/1955.

Filha do compositor Humberto Teixeira, o ‘Doutor do Baião’, parceiro de Luiz Gonzaga e autor de clássicos como ‘Asa Branca’, ‘Assum Preto’ e “Qui Nem Jiló’, ele teria proibido a filha de ser atriz, impedindo-a de usar seu sobrenome – sendo rebatizada então por Walter Avancini e Daniel Filho na sua estreia na TV.


Início de Carreira

Denise Dummont iniciou sua carreira no teatro amador, passando depois pela famosa escola de Teatro O Tablado, de Maria Clara Machado.

Estreou em novelas em 1973, em ‘Semideus’, de Janete Clair.


Trabalhos na TV

Após sua estreia em "O Semideus", Denise atuou nas novelas "Gina" (1978) e "Marrom-Glacê" (1979), além de fazer uma participação em um episódio de "Ciranda Cirandinha" (1978).

Em 1980, foi convidada a ser a protagonista da novela "Marina", de Wilson Aguiar Filho e direção geral de Herval Rossano.

Em seguida, atuou em "Baila Comigo" (1981), "Quem Ama Não Mata" (1982), "Voltei pra Você" (1983) e "Corpo Santo" (1987).


Trabalhos no Cinema

No cinema, Denise Dummont estreou em 1979, no longa ´Terror e Êxtase’, de Antonio Calmon.

Participou, em seguida, de: ´Eros – O Deus do Amor’ (1981), de Walter Hugo Khouri; ´Filhos e Amantes’ (1981), de Francisco Ramalho Jr; ´Rio Babilônia’ (1982), de Neville D’Almeida; ´Os Vagabundos Trapalhões’ (1982), de J. B. Tanko; ´Bar Esperança, O Último que Fecha´ (1983), de Hugo Carvana; ´Amenic – Entre o Discurso e a Prática’ (1984), de Fernando Silva; ´O Beijo da Mulher Aranha’ (1984), de Hector Babenco; e ´Jorge, Um Brasileiro’ (1987), de Paulo Thiago.

Em "Rio Babilônia", de Neville D´Almeida, Denise participou de uma cena de ménage à trois, que rendeu muita polêmica.

Em 1987 é escalada para o filme de Woody Allen, ‘A Era do Rádio’, interpretando uma cantora latina aos moldes de Carmen Miranda.


Mudança para os EUA e 'A Era do Rádio'

Em 1985, Denise foi com seu filho Diogo (da união com o ator Claudio Marzo) passar o Natal e o réveillon ao lado de sua mãe, que morava em Nova York. Acabou ficando para a estreia de "O Beijo da Mulher Aranha", a convite de Sônia Braga e Hector Babenco. Empolgada com a boa acolhida da crítica, conseguiu um agente e permaneceu no país para estudar teatro na Universidade de Nova York (NYU).

A aposta rendeu frutos. Ela foi convidada para uma entrevista com o diretor Woody Allen: “Ele perguntou se eu sabia cantar e dançar. Disse que faria qualquer coisa e na hora ganhei o papel, que só depois fui saber qual era”, lembra Denise, que fez uma ponta cantando “Tico-Tico no Fubá” no filme "A Era do Rádio".

Em Los Angeles, Denise conheceu o roteirista e diretor Matthew Chapman, com quem se casou e teve uma filha, Anabela.

Nos EUA, ela participou dos filmes "The Allnighter" (1987), "Heart of Midnight" (1988), "Heartwood" (1998) e da série de TV "The Equalizer".

"As duas semanas previstas no início já viraram 25 anos", brincou ela em uma entrevista.


"O Homem que Engarrafava Nuvens"

Em 2010, é lançado o filme "O Homem que Engarrafava Nuvens", que apresenta a história de uma das mais surpreendentes personalidades brasileiras: Humberto Teixeira o “Doutor do Baião”.

Produzido por Denise Dummont, filha de Humberto Teixeira, o filme conta a história do baião, envolvida com a de seu pai.

"O projeto nasceu entre 2000 e 2001, quando fui apresentada em Nova York a Ana, viúva de Tom Jobim, pela Luciana de Moraes, filha de Vinicius. Percebi como elas cuidavam e tinham consciência da obra de seus parentes. Fiquei com vergonha de não ter feito nada pela memória de meu pai. Todo mundo canta Asa Branca, mas nem todos sabem que se trata de uma parceria de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga", disse ela em uma entrevista.

Com fotografia de Walter Carvalho, direção musical de Guto Graça Mello e videografismos de Gringo Cardia e Fabio Arruda, "O Homem Que Engarrafava Nuvens" ganhou os prêmios de melhor roteiro, melhor som e ainda o prêmio Oscarito, da Câmara Municipal de Fortaleza, no 19º Cine Ceará, realizado em julho de 2009.

"A viagem foi uma descoberta de suas origens, do baião e de minha mãe. Meu pai era extremamente prolífico e eclético. Tinha um lado feminino, de fazer tudo ao mesmo tempo: estudou medicina, direito, compôs 400 músicas. Meu pai era doce e salgado, ele era nordestino, rígido e conservador”, disse Denise a respeito do pai e do filme.

Para Denise, o filme incluiu um outro desafio, este de ordem pessoal. Foi a sua produção, afinal, que lhe permitiu superar definitivamente algumas mágoas do passado, marcado por uma relação difícil com o pai e o afastamento, imposto por ele, de sua mãe, a atriz Margot Bittencourt. No filme, Denise tem uma conversa muito franca com a mãe - que morreu em 2007 - em que esclarece definitivamente questões sobre o difícil desquite entre os dois, depois do qual ela foi viver nos EUA com o novo marido, Luiz Jatobá. Advogado, Teixeira não permitiu à mãe levar a filha, que cresceu com ele no Brasil.

"Não sei se foi coragem ou necessidade. Quando se começa uma coisa assim, não dá para ficar no meio do caminho", explica Denise, ao ser perguntada sobre a dificuldade desta exposição de sua história familiar. Por isso, acrescenta, este filme é, para ela, "muito pessoal e intransferível".


Veja mais fotos de Denise Dummont em seu álbum no Site Por Onde Anda?


Fontes de Consulta: Site Teledramaturgia, Site João Carlos Barroso, O Globo, Portal Terra, Blog Fractais de Mim, O Povo online, Blog oficial "O Homem que Engarrafava Nuvens", UOL Cinema, Veja Rio, Site Adoro Cinema, Site Mulheres do Cinema Brasileiro, Portal IMDb, Portal Caras, Acervo Site Balaio do Carl Ole, Site Memória Globo, Canal Viva Fortaleza (YouTube), Site hajaluz.webluz.net, Blog Antonio Guerreiro, Istoé Gente, caju-precisodizerqueteamo.zip.net, Site Ego, Blog traditionaljazzband, Portal Vermelho.org.br


Entrevista de Denise Dummont para o Portal Viva Fortaleza


Atriz e produtora, Denise Dummont esteve em Fortaleza, em 2009, para participar do Festival Cine Ceará. Ela conversou com Isabel Andrade sobre "O Homem que Engarrafava Nuvens", documentário que produziu em homenagem ao pai, Humberto Teixeira.


Primeira parte da entrevista:





Segunda parte:





Denise Dummont: "Meu pai, que engarrafava nuvens, tem 95 anos"



Eu vou mostrar pra vocês, como se dança o baião, e quem quiser aprender é favor prestar atenção". Esse foi praticamente o bordão de um dos gêneros musicais mais genuinamente brasileiros, o baião, popularizado nos anos 40. E os donos dessas linhas musicais (da canção Baião), que também fizeram chegar Asa Branca, Assum Preto e Paraíba - entre outros sucessos da década de 40 e 50 - aos ouvidos e gogós de um sem número de brasileiros, formaram a primeira dupla pop star brasileira: Humberto Teixeira (1915-1979) e Luiz Gonzaga (1912-1989), o "Doutor" e o "Rei do Baião", respectivamente. Sobre o primeiro e menos conhecido dos dois, Teixeira - que compôs mais de 400 músicas e este ano, se estivesse vivo, completaria 95 anos -, é que trata o documentário O Homem Que Engarrafava Nuvens, em cartaz nos cinemas de São Paulo e do Rio, produzido por sua única filha, a atriz Denise Dummont.


Nostalgia e amor de filha
Como o curta-metragem Meu Pai Tem 100 Anos - dirigido e produzido por Isabella Rossellini sobre seu pai, o cineasta Roberto Rossellini (1906-1977) -, o longa presta uma homenagem tardia de filha para pai, retomando de maneira nostálgica e melódica a trajetória de um dos maiores músicos que o Brasil já ouviu, morto em 1979, no Rio de Janeiro.

"Eu não conhecia a obra do meu pai. Quando eu era adolescente preferia ouvir o rock de Os Mutantes e do Led Zepelin a escutar o que ele havia composto. Esse filme foi uma maneira de me redimir um pouco disso", confessa Denise, quase que se desculpando por não ter prestado a devida atenção ao trabalho do pai, que praticamente a criou ¿ seus pais se separaram quando ela tinha cinco anos e sua mãe foi morar nos Estados Unidos.

Ao longo de seus 100 minutos (pouco até, diante da grandiosidade da obra de Teixeira e de sua importância para a Música Popular Brasileira ¿ mas Denise promete um DVD recheado de extras), o jeito mezzo matuto, mezzo erudito da figura do músico natural de Iguatu, no interior do Ceará, é revelado em entrevistas com colegas de profissão e parceiros, familiares e amigos, por (e para) Denise a quem nunca ouviu falar de Teixeira, mas já escutou várias de suas músicas.

E se, para aqueles que não tinham noção de quem foi Humberto Teixeira, o filme é uma aula, para os letrados e nostálgicos da figura do "Dr. Do Baião" o longa, dirigido pelo pernambucano Lírio Ferreira (do documentário Cartola), é uma oportunidade de recordar aqueles bons tempos de um Brasil inocente e festivo, que arrastava o pé em bailes em branco e preto, embalados pela sanfona.


Sobre essa viagem cultural e familiar, Denise falou com exclusividade ao Terra. Leia a seguir:

Sei que você começou a colocar a mão na massa no filme mais ou menos em 2000, mas a ideia de fazer um documentário sobre seu pai te ocorreu quando e por quê?

A idéia surgiu em 2000, quando conheci a Ana Jobim. A Ana me inspirou a resgatar e cuidar da memória e da obra de meu pai. O nome dele estava completamente esquecido e se eu não fizesse alguma coisa acho que ninguém iria fazer. A Ana se propôs a me ajudar nisso e o caminho mais natural pra mim foi o cinema. Nós duas idealizamos esse projeto. Afora isso, também produzimos um CD com a (gravadora) Biscoito Fino, O Doutor do Baião, fruto do primeiro dia de filmagem, e o livro Cancioneiro Humberto Teixeira, editado pela Jobim Music e a Good Ju-Ju, minha firma.


Qual a maior dificuldade que enfrentou durante a produção?

Levantar dinheiro, adquirir e restaurar o material de arquivo. No final, deu tudo certo graças a incríveis parceiros que confiaram e resolveram bancar o projeto e ao Antonio Venancio, que é um dos maiores pesquisadores do mundo.


E como foi escolher as músicas que entrariam no documentário, diante da gigante obra de seu pai?

É. Isso foi difícil realmente. Eu até hoje sinto falta de várias favoritas com Fogo Pagô e uma versão completa de Estrada do Canindé. São tantas! Mas esse "problema" ficou mais nas mãos do Lírio (Ferreira, o diretor).


Entrevistar sua mãe (a atriz e pianista Margot Bittencourt) sobre a separação e o tempo que ficaram distantes ¿ um dos momentos mais emocionantes do filme ¿ também deve ter sido difícil...

Interessante. Essa parte não foi planejada. A minha intenção era entrevistá-la sobre a época em que eles foram casados, a carreira, o sucesso, etc. Mas aí a gente começou a conversar e saiu tudo. A equipe (do filme) em volta desapareceu e ficamos só nós duas falando da vida. Difícil pra mim é ver! Mas aquilo foi muito bom e importante para a nossa relação. Aquela conversa exorcizou todo e qualquer ressentimento ou culpa que tínhamos em relação à outra ¿ a mãe de Denise morreu seis meses depois do depoimento colhido para o longa, em julho de 2007.


As mais de quatro horas que ficaram de fora do filme estarão no DVD? Que tipo de material deve entrar nos extras? Clipes, letras e cifras das músicas do filme?

Pretendemos fazer um DVD com extras superlegais como a participação do Faustino, um dos melhores chefes do Ceará e premiado no mundo inteiro, cozinhando um baião de dois e nos dando a receita. Além, é claro, de vários números musicais que não entraram. Tem muita coisa maravilhosa (que ficou de fora). Temos planos também de lançar um CD com a trilha sonora.

Você confessou que, quando era adolescente, curtia Mutantes e Led Zepelin em vez do baião do seu pai. Ele ficava sentido com isso ou entendia sua preferência musical nessa época? E essa preferência era legítima ou ela acontecia só para provocá-lo (e você escutava e dançava baião escondido dele)?

Quando eu era criança, ele cantava pra mim as músicas dele e eu aprendi assim, com ele em casa. Quando o baião teve sua época áurea eu ainda não era nascida. A música da minha geração era rock, MPB. Quando os Mutantes gravaram Adeus Maria Fulô (de autoria de seu pai e Sivuca), eu ouvi, gostei e fiquei morta de orgulho. Aquilo eu entendia. Não acho que era só provocação de adolescente, não. Pelo menos não consciente. Era coisa de geração e de local mesmo. Eu fui criada em Ipanema.


Como toda casa de músico (apesar de seu pai ter sido também advogado e político) ela devia viver cheia deles. Que músicos frequentavam mais sua casa?

De Antonio Maria a Ataulfo Alves. Luiz Gonzaga a Francisco Carlos, Dalva de Oliveira, Herivelto e Pery, Carmélia Alves, J. Junior, Ary Barroso, Altamiro Carrilho. É difícil lembrar de todos, eu era criança. Nos domingos, a casa ficava cheia. Aliás, não só de músicos, vinha também o Anselmo Duarte, a Ilka Soares, o Jorge Dória...


Seu pai foi o "Doutor do Baião" e sua mãe uma pianista clássica. Você nunca tocou ou quis aprender um instrumento?

Aprendi violão e um pouco de piano, mas nunca me aprofundei em nenhum dos dois. Continuo querendo. Ainda está nos meus planos. Obviamente só para meu prazer pessoal, pois já passei da idade.


Como acha que seu pai reagiria à sua performance no filme A Era do Radio (1987), de Woody Allen? Allen conhecia o trabalho de seu pai? Vocês conversavam sobre música brasileira?

Ah, eu acho que ele ia adorar. Melhor que isso só se eu cantasse Qui Nem Jiló - no longa de Woody Allen, Denise canta Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu (música do repertório de Carmem Miranda). Sei que o Woody adora música brasileira, mas não conversamos sobre isso.


Qual música você descobriu do seu pai que mais te impressionou e qual você mais gosta hoje?

Essa é a pergunta mais difícil! Quando eu era bem criança adorava a Sinfonia do Café pois me parecia conto de fada. Depois, Qui Nem Jiló virou minha favorita. Agora eu já não sei mais. Sou louca por Juazeiro, Fogo Pagô, Adeus Maria Fulô, Cariri, Baião de Iracema, Estrada do Canindé...


Tomou gosto pela produção? É sua nova atividade ou vai parar no documentário O Homem Q Engarrafava Nuvens?

É como ter um filho: depois que nasce você esquece a dor do parto. Gostei sim. Espero produzir novamente. E atuar. E andar de bicicleta. E melhorar o meu francês e cantar, tocar piano...


Fonte: Terra - Cinema & DVD.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Denise Dummont fala sobre seu pai, Humberto Teixeira



Provavelmente você já ouviu algumas das seguintes canções: Asa Branca, Baião ("Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor presta atenção"), Assum Preto, Baião de Dois ou Adeus Maria Fulô. Pouca gente sabe, porém, os nomes dos autores dessas músicas. Quem apostou em Luiz Gonzaga acertou, mas não deve se gabar, pois provavelmente se esqueceu do parceiro dele, Humberto Teixeira. Morto em 1979, o cearense Teixeira ganha agora um filme para refrescar a memória coletiva e corrigir o esquecimento sobre o compositor, advogado e deputado federal que ajudou na criação da lei de direitos autorais. O Homem que Engarrafava Nuvens estreia nesta sexta-feira, reunindo depoimentos de Gilberto Gil, Bebel Gilberto, Belchior, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), David Byrne (Talking Heads), Otto e Daniel Filho - além de muita música. A direção é de Lírio Ferreira, o mesmo de O Baile Perfumado (1997), Árido Movie (2004) e Cartola (2007), para quem a obra pode mostrar como Teixiera ajudou a transformar o baião, um ritmo regional, em parte do alicerce da MPB, ao lado do samba.

A produção de O Homem que Engarrafava Nuvens coube à filha do próprio Teixeira, a atriz Denise Dummont - que atuou em filmes como O Beijo da Mulher Aranha (1985) e A Era do Rádio (1987), de Woody Allen. Na entrevista a seguir, Denise conta como sua relação com a música do pai passou do preconceito à admiração e critica a "ignorância" de artistas que, na opinião dela, cantam as canções de Teixeira sem conhecê-lo. Confira o trailer do filme.

Logo no início, a senhora justifica o filme como meio de conhecer melhor seu pai. Como era a relação entre vocês?

O papai era uma pessoa doce e carinhosa comigo quando criança. Mas quando eu comecei a crescer, ele se tornou, como disse a minha mãe no documentário, um machão nordestino, muito rígido. Ele não deixava eu sair, ir às festas, ter namorado. Então a gente batia muito de frente. Hoje em dia, depois de tanta pesquisa e de entender melhor ele como adulto e ver as coisas pelas quais ele passou, eu o entendo melhor. Eu acho também que, no fim da vida, ele estava mais deprimido. Reagia a essas coisas, que eu jovem não entendia muito bem. Era uma relação complicada. Tanto que meu sobrenome teve de ser Dummont, porque ele me proibiu de usar Teixeira. Ele não queria que eu fosse atriz.

A senhora viveu com ele por quanto tempo?

Meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos. Minha mãe foi morar em Nova York e eu fiquei com o meu pai. Morei com ele até me casar, aos 19 anos, com Cláudio Marzo. Antes disso, fui para Nova York fazer faculdade de drama, porque na época não existia curso de ator nas universidades no Brasil.
A senhora diz que, apesar de ser filha do "doutor do baião", foi criada ouvindo música clássica como influência da sua mãe, além de MPB e rock. Tinha preconceito com a música que seu pai fazia e representava?

Claro. Tinha todo. Eu achava cafona. Eu nunca tinha visitado o Nordeste até começar esse projeto. Eu não entendia a linguagem usada, eu achava cafona e esquisita essa coisa de falar errado. Como meu pai, que fez duas faculdades e era de uma família onde a formação acadêmica era tão importante, podia compor músicas com aquele jeito de falar? Agora eu compreendo que esse é o jeito de o povo falar, mas na época não entendia. Eu era uma garota esnobe de Ipanema. Não tinha a inteligência suficiente para entender a força dessa obra, do que ele estava falando. Mas eu acredito que isso tinha a ver com o fato de ele ser um pai careta, rígido e eu, como adolescente, tinha que me rebelar.

A partir de quando isso mudou?

Eu me apaixonei durante este projeto. Contudo, passei a aceitar e olhar o gênero há mais tempo. Eu achava bacana que o Caetano Veloso tivesse gravado canções do meu pai na época do exílio, que os Mutantes gravassem. Mas não me aproximava muito, porque chegar perto da obra era chegar perto do meu pai.

O cantor americano David Byrne se refere a Humberto Teixeira como o "homem invisível". A senhora também tinha essa impressão quando falava para as pessoas quem era seu pai?

Eu tinha e tenho ainda. A situação está melhorando muito e me sinto gratificada pelo fato de esse movimento que a gente iniciou estar surtindo efeito. No entanto, eu estava em Recife em dezembro passado para a festa de aniversário de cem anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Teve uma super homenagem a ele e em nenhum momento se falou de Humberto Teixeira. É uma ignorância que impera e que ele mesmo gerou. Eu não estou culpando ninguém. Eu fui ver a estréia do filme Lula, O Filho do Brasil, em Brasília, e tocaram Asa Branca no início, que foi apresentada como uma das obras mais importantes da música brasileira, de Luiz Gonzaga.

Qual é sua reação nesses momentos?

Dá vontade de gritar: "E Humberto Teixeira!" Então, este filme é o meu grito.

A senhora acredita que o filme conseguirá tocar os espectadores, a despeito de suas relações com a música do seu pai?

O filme é muito pessoal, mas eu posso falar da minha experiência, de ter passado esse último ano mostrando-o em festivais pelo mundo. É muito interessante observar as reações das pessoas. Ele provoca emoções fortes em quem não é do Nordeste nem do Brasil. A gente o exibiu em Israel, Holanda, Colômbia, Estados Unidos, França, e as pessoas reagem de maneiras diferentes. Quem conhece a obra se emociona por se reconhecer ali, ouvir as músicas da infância. Outros se emocionam porque não sabiam: "Meu Deus, eu conhecia essa música a vida inteira e não tinha ideia. Nunca ouvi falar do seu pai", dizem. A maioria conhecia Luiz Gonzaga, mas não conhecia o meu pai. Os gringos adoram a música. Sem nenhum envolvimento ou compromisso cultural.

Em qual exibição ficou mais emocionada?

As sessões no Nordeste, em Fortaleza e Recife, foram para mim extremamente emocionantes, porque a platéia cantava junto. É lindo. Cantam baixinho como o maior respeito.

Era o que a senhora esperava?

Eu nem esperava tanto. Eu queria apenas resgatar a memória do meu pai e descobrir o que eu não sabia, e acho que Lírio foi além de qualquer sonho que eu tenha tido. Então, para mim, é muito emocionante.
Conseguiu o que queria: conhecer melhor o seu pai e torná-lo conhecido?

Eu conheci ele melhor, sim. Conheci muitas coisas dele. Fiquei feliz com o que descobri. Poderia ter me decepcionado, descoberto que ele era um canalha. Descobri que ele era um homem de bem. E não comecei este projeto querendo fazer uma exaltação a ele. Eu realmente queria conhecê-lo. Estou saindo disso com um orgulho de ser filha dele. Em relação a torná-lo conhecido, a gente vai saber a partir desta semana.


Fonte: Veja.com